Decisões sobre as Formas de Governança na Perspectiva de Capacidades: Uma análise do Sistema Financeiro Brasileiro.

Sirlei Pitteri, Fernanda Cruz Figueiredo, Maria Sylvia Macchione Saes

Resumo


A reestruturação econômica em nível mundial induziu inúmeras estratégias para a reorganização do sistema financeiro, que não têm mais seus contornos e limites claramente estabelecidos. Verificou-se acentuada transformação nas organizações bancárias, resultado de falências, fusões, incorporações e aquisições, bem como de privatizações. Esse movimento exigiu padronizações tanto no autoatendimento como nas formas de governança dos processos de BackOffice. Assim, tais processos atingiram um patamar de equivalência nos custos de processamento e qualidade das atividades bancárias que praticamente não diferenciam os participantes do sistema. Na medida em que os processos do sistema financeiro tornam-se padronizados, não existe mais especificidade dos ativos na ótica da Economia dos Custos de Transação (ECT), proposta por Williamson (1991a). As formas de governança, então, seriam uma busca por terceirizações e outsourcing. Entretanto, Argyres (1996) propõe a ampliação da discussão sobre as decisões make-or-buy, a partir da perspectiva de capacidades, amparada na Visão Baseada em Recursos (Penrose,([1959], 2009). Nesse sentido, esse estudo tem como objetivo efetuar uma análise das atividades do sistema financeiro brasileiro a partir dos fundamentos da perspectiva de capacidades. Pretende-se investigar as decisões sobre as formas de governança do sistema financeiro brasileiro a partir dos dados apresentados pela FEBRABAN (2009, 2011) e depoimentos de executivos do sistema financeiro. As análises sugerem que, embora exista uma tendência e inúmeras vantagens relacionadas à terceirização e outsourcing, existem fortes motivos que restringem essa prática, como o mercado de fornecedores pouco amadurecido e o risco de comprometimento da imagem da instituição em casos de fraudes.

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