Estrutura de Propriedade em Firmas Brasileiras: Trajetória entre 1998-2012

Allan Pinheiro Holanda, Antonio Carlos Dias Coelho

Resumo


ESTRUTURA DE PROPRIEDADE EM FIRMAS BRASILEIRAS: TRAJETÓRIA ENTRE 1998-2012

OBJETIVO
A pesquisa teve como alvo decompor a evolução da estrutura de propriedade das sociedades de capital aberto operando no Brasil, mostrando atributos a ela associados de 1998 a 2012, destacando modificações em suas características ao longo do período considerado.

METODOLOGIA
Incluíram-se na investigação tanto firmas listadas nos mercados bursáteis como as firmas apenas registradas na CVM e não listadas para negociação em bolsa, totalizando 1286 empresas. As características de estrutura de propriedade investigadas foram classificadas em três grupos (Concentração de Propriedade, Controle Societário e Qualidade e Quantidade de Acionistas) e analisadas sob 3 perspectivas (evolução temporal, mercado de listagem e setor de atuação das empresas). O exame se processou por meio das técnicas de Análise de Correspondência e de Testes de Diferenças de Média (paramétricos e não paramétricos), além de mostrar estatística descritiva dos atributos estudados.

RESULTADOS E CONCLUSÕES
Foram constatados pela análise: elevada participação de maior acionista, seja no capital ordinário seja no capital total; reduzida percentagem de empresas de origem estrangeira operando no Brasil; predominância de origem de capital nacional privado; e presença de acionista controlador na maioria das firmas brasileiras. Temporalmente, constatou-se: adesão crescente de firmas à listagem de governança corporativa; redução da participação do maior acionista no capital; e diminuição da presença de acionista controlador.

IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
A inferência de que a evolução da estrutura de propriedade no Brasil associa-se ao advento de preocupações com o tema da governança corporativa, tanto por órgãos reguladores, quanto pela interferência de mecanismos criados e estimulados por instituições de mercado (listagens diferenciadas na BM&FBOVESPA) e de educação continuada (IBGC), implica em que tais instrumentos podem contribuir efetivamente para a democratização do capital das empresas e pela disseminação de adesão ao mercado de capitais.

PALAVRAS-CHAVE
Estrutura de Propriedade; Sociedades por Ação de Capital
Aberto; Evolução Temporal; Governança Corporativa; Setor de Atuação


PUBLIC COMPANIES’ OWNERSHIP STRUCTURE IN BRAZIL:
1998-2012 PATHWAY

OBJECTIVE
The research was aimed to decompose Brazilian public companies ownership structure evolution and its completion during 1998 to 2012; the study emphasized changes occurred in their characteristics throughout the studied time interval.

METHODOLOGY
It was included in research both firms listed in stock markets as firms just registered at the CVM and not listed for trading, adding up 1286 companies. The ownership structure characteristics of investigated were classified into three groups (Ownership Concentration, Corporate Control and Shareholders’ Quality and Quantity) and analyzed from three perspectives (temporal evolution, listing market and industry). The examination was processed by Correspondence Analysis and Differences between Means Tests (parametric and nonparametric), besides showing studied attributes descriptive statistics.

RESULTS AND CONCLUSIONS
It was identified by the analysis: high share of largest shareholder in ordinary stocks as well in total capital stocks; small percentage of foreign origin for companies operating in Brazil; predominant private national capital as equity source; and presence of one person controlling shareholder in most Brazilian firms. Throughout the time, it was found: increasing firms’ participation in corporate governance listing; reduceng level of largest shareholder existence on ownership structure; and decreasing single controlling shareholder controlling.

PRATICAL IMPLICATIONS
The inference that ownership structure evolution in Brazil is associated with advent of concerns about corporate governance theme, both by regulators, and by mechanisms created and stimulated by market institutions (Differentiated listings in BM&FBOVESPA) and continuing education (IBGC), implies that such instruments can effectively contribute to corporate capital democratization and to implement capital market access to investors.

KEYWORDS
Ownership Structure; Public Companies; Temporal Evolution; Corporate Governance; Listing Position; Industry.

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ISSN: 2176-8854

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