Fatores explicativos do nível de evidenciação de informações sobre o ativo imobilizado: um estudo nas empresas do setor de bens industriais listadas na BM&FBovespa

Mônica Campos da Silva, Sandi Kutianski, Luciano Marcio Scherer

Resumo


O objetivo deste estudo é identificar fatores explicativos para o nível de evidenciação de informações sobre o ativo imobilizado em empresas de capital aberto brasileiras, classificadas no setor de bens industriais da BM&FBovespa. Para tanto, selecionou-se 33 empresas brasileiras de capital aberto listadas no setor de bens industriais cujas demonstrações financeiras padronizadas estavam disponíveis para os períodos compreendidos entre 2008 e 2013. Inicialmente realizou-se análise de conteúdo das notas explicativas, a fim de se construir o índice de evidenciação das informações requeridas pelo CPC 27, o que resultou em 198 índices. A seguir, utilizando regressão linear múltipla com dados em painel de efeitos aleatórios, regrediu-se um conjunto de variáveis independentes, proxies de características intrínsecas e extrínsecas às empresas em análise, sobre o índice de evidenciação anteriormente calculado a fim de se atingir o objetivo deste estudo. Constatou-se um aumento nos índice mínimo, médio e máximo de evidenciação ao longo do tempo, especialmente entre 2009 e 2010, em função da adoção obrigatória do Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado. Em relação à análise de regressão, as variáveis Tamanho, Endividamento, Aplicação do CPC 27 e Auditada por Big Four mostraram-se estatisticamente significativas e, conforme esperado, com coeficiente positivo. Esses achados permitem inferir que empresas maiores, com maior grau de endividamento, auditadas pelas maiores empresas de auditoria, bem como a adoção obrigatória do CPC 27 impactaram positivamente na quantidade de informações evidenciadas pelas empresas em estudo. A principal implicação do estudo é o reforço da necessidade de se buscar uma convergência de facto das normas brasileiras às normas internacionais de contabilidade a fim de se melhorar a qualidade das informações evidenciadas pelas empresas ao mercado.

Referências


Andrade, A. F., Fontana, F. B., & Macagnan, C. B. (2013). Um estudo sobre a evidenciação do ajuste a valor presente nas empresas listadas na BM&FBovespa. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, 18(1), 62-80. Recuperado de: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rcmccuerj/article/view/5887.

Ahmad, Z., Hassan, S., & Mohammad, J. (2003) Determinants of environmental reporting in Malaysia. International Journal of Business Studies, 11(1), 69- 90. Recuperado de: http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid=7f4df06a-e36a-41d8-ac83-1a7b4c4ca65c%40sessionmgr4004&vid=0&hid=4207.

Ahmed K. & D. Nicholls (1994). The Impact of Non-financial Company Characteristics on Mandatory Compliance in Developing Countries: The Case of Bangladesh, The International Journal of Accounting, 29(1), 60-77, 1994.

Assaf Neto, A. (2008). Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico financeiro (8ª ed). São Paulo: Atlas.

Baptista, E. M. B. (2008). Análise do perfil das empresas brasileiras segundo o nível de gerenciamento de resultados. (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Recuperado de http://hdl.handle.net/10183/15347.

Burgstahler, D., & Dichev, I. (2007). Earnings management to avoid earnings decrease sand losses. Journal of Accounting and Economics, 24(1), 99-126. Recuperado de http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165410197000177#. doi: 10.1016/S0165-4101(97)00017-7.

Bushman, R. M., Piotroski, J. D., & Smith, A. J. (2004). What determine corporate transparency? Journal of Accounting Research, 42(2), 207-252. Recuperado de http://public.kenan-flagler.unc.edu/faculty/bushmanr/bushman_jar_transparency.pdf. doi: 10.1111/j.1475-679X.2004.00136.x

Bushman, R. M. & Smith, A., J. (2003). Transparency, financial accounting information, and corporate governance. Economic Policy Review, 9(1), 65-87. Recuperado de http://www.ny.frb.org/research/epr/03v09n1/0304bush.pdf.

Carvalho, F. de M., Kayo, E. K., & Martin, D. M. L. (2010). Tangibilidade e intangibilidade na determinação do desempenho persistente de firmas Brasileiras. Revista de Administração Contemporânea, 14(5), 871-889. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-65552010000500007&lng=pt&tlng=pt.0.1590/S1415-65552010000500007.

Cooper, D.R. & Schindler, P.S. (2003). Métodos de Pesquisa em Administração. (7ª ed.) São Paulo: Bookman.

Conselho Federal de Contabilidade. (2005). Resolução nº 1.055, de 07 de outubro de 2005. Recuperado de http://www.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1055.doc.

Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2008). Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado. Recuperado de http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/316_CPC_27_ rev% 2003.pdf.

Cruz, C. V. O. A. & Lima, G. A. S. F. (2010). Reputação Corporativa e Nível de Disclosure das Empresas de Capital Aberto no Brasil. Revista Universo Contábil, 6(1), 85-101. Recuperado de http://proxy.furb.br/ojs/index.php/universocontabil/article/view/838/1151. doi:10.4270/ruc.2010105

Dechow, P., Ge, W., & Schrand, C. (2010) Understanding earnings quality: A review of the proxies, their determinants and their consequences. Journal of Accounting and Economics, 50(2-3), 344-401. Recuperado de http://www.sciencedirect.com/science/ article/pii/S0165410110000339. doi: 10.1016/j.jacceco.2010.09.001.

Demirgüç-Kunt, A., & Maksimovic, V. (1999). Institutions, financial markets, and firm debt maturity. Journal of Financial Economics, 54(3), 337-363. Recuperado de http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304405X99000392. doi: 10.1016/S0304-405X(99)00039-2

Depoers, F. (2000). A cost benefit study of voluntary disclosure: some empirical evidence from French listed companies. European Accounting Review, 9(2), 245-263. Recuperado de http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09638180050129891#.VHiblTHF9cg. doi: 10.1080/09638180050129891

Ferri, M., & Jones, W. X. (1979). Determinants of financial structure: a new methodological approach. The Journal of Finance, 34(3), 631-644. Recuperado de http://www.jstor.org/stable/2327431. doi: 10.2307/2327431

Freri, M. R. & Salotti, B. M. (2013). Comparabilidade de empresas administradoras de Shoppings Centers do mercado de capitais brasileiro. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ 18(1), 26-45. Recuperado de http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rcmccuerj/article/view/5885. doi: 10.12979/RCMCC.2013102.

Frost, C, Gordon, E. & Pownall, G. (2008, Abril). Financial reporting and disclosure quality, and emerging market companies' access to capital in global markets. Recuperado http://ssrn.com/abstract=802824. doi: 10.2139/ssrn.802824.

Gallon, A. V., Crippa, M., Gois, A. F., & De Luca, M. M. M. (2012). As mudanças no tratamento contábil do leasing e seus reflexos nos indicadores econômico-financeiros das companhias aéreas brasileiras. Revista de Finanças Aplicadas, 3(1), 1-18. Recuperado de http://www.financasaplicadas.net/ojs/index.php/financasaplicadas/article/view/79.

Hendriksen, E.S.; Van Breda, M. F. (1999). Teoria da contabilidade. (A. Z. Sanvicente Trad.). São Paulo: Atlas (obra original publicada em 1992).

Hossain, M. (2008). The extent of disclosure in annual reports of banking companies: The case of India. European Journal of Scientific Research, 23(4), 659-680. Recuperado de http://qspace.qu.edu.qa/bitstream/handle/10576/10429/ejsr_23_4_15.pdf?sequence=1.

Kayo, E. K., Kimura, H., Basso, L. F. C., & Krauter, E. (2006). Os fatores determinantes da intangibilidade. Revista de Administração Mackenzie, 7(3), 112-130. Recuperado de http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/RAM/article/view/102.

Kruger, L. M. & Borba, J.A. Evidenciação do arrendamento mercantil financeiro nas empresas listadas no Novo Mercado da BM&FBovespa. Revista de Finanças Aplicadas, 3(1), 1-23. Recuperado de http://www.financasaplicadas.net/ojs/index.php/financasaplicadas/arti cle/view/66.

Lanzana, A. P. (2004). Relação entre disclosure e governança corporativa das empresas brasileiras (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, SP, Brasil. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-11022005-094807/publico/DissertacaoAnaPaulaLanzana.pdf.

Lapointe-Antunes, P., Cormier, D. & Magnan, M. (2008). Equity recognition of mandatory accounting changes: the case of transition al good will impairment losses. Canadian Journal of Administrative Sciences, 25(1), 37-54. Recuperado de http://onlinelibrary.wiley.com/doi/ 10.1002/cjas.41/abstract. doi: 10.1002/cjas.41.

Loureiro, D. Q., Gallon, A. V., & De Luca, M. M. M. (2011). Subvenções e assistências governamentais (SAG): Evidenciação e rentabilidade das maiores empresas brasileiras. Revista de Contabilidade e Organizações, 5(13), 34-54. Recuperado de http://www.rco.usp.br/index.php/rco/article/view/305.

Mapurunga, P. V. R., Ponte, V. M. R., Coelho, A. C. D., & Meneses, A. F. (2011). Determinantes do nível de disclosure de instrumentos financeiros derivativos em firmas brasileiras. Revista Contabilidade & Finanças, 22(57), 263-278. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772011000300003&lng= en&tlng=pt.10.1590/S1519-70772011000300003. doi: 10.1590/S1519-70772011000300003.

Martins, E., Gelbcke, E. R., Santos, A., & Iudícibus, S. (2013). Manual de contabilidade societária: Aplicável a todas as sociedades de acordo com as Normas Internacionais e do CPC. (2ª ed.). São Paulo: Atlas.

Martinez, L. A. (2002). “Gerenciamento” dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-14052002-110538/publico/tde.pdf.

Miranda, K. F, Tomé, W. C., & Gallon, A. V. Evidenciação da remuneração variável nas melhores empresas para se trabalhar listadas na BM&FBovespa: Um estudo à luz dos CPCs 10 e 33. Pensar Contábil, 13(51), 35-47. Recuperado de http://www.spell.org.br /documentos/download/143.

Murcia, F. D. (2009). Fatores determinantes do nível de disclosure voluntário de companhias abertas no Brasil. (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-16122009-121627/publico/murcia.pdf.

Murcia, F. D. & Santos, A. (2009). Fatores determinantes do nível de disclosure voluntário das companhias abertas no Brasil. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 3(2), 72-95. Recuperado de http://www.repec.org.br /index.php/repec/article/view/68.

Murcia, F. D., Souza, F. C., Dill, R. P., & Costa Jr. N. A. (2011). Impacto do nível de disclosure corporativo na volatilidade das ações de companhias abertas no Brasil. Revista de Economia e Administração, 10(2), 196-218. Recuperado de http://www.spell.org.br /documentos/download/5043.

Ozkan, A. (2001). Determinants of capital structure and adjustment to long run target: evidence from UK company panel data. Journal of Business Finance and Accounting, 28 (1-2), 175-198. Recuperado de http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1468-5957.00370/pdf. doi: 10.1111/1468-5957.00370.

Perobelli, F.F.C. & Famá, R. (2002). Determinantes da estrutura de capital: aplicação a empresas de capital aberto brasileiras. Revista de Administração, 37(3), 33-46. Recuperado de http://www.rausp.usp.br/download.asp?file=V370333-46.pdf.

Perobelli, F.F.C. & Famá, R. (2003). Fatores determinantes da estrutura de capital para empresas latino-americanas. Revista de Administração Contemporânea, 7(1), 9-35. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552003000100002&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S1415-65552003000100002. doi: 10.1590/S1415-65552003000100002.

Ponte, V. M. R, De Luca, M. M. M, Oliveira, M. C, Aquino, L. D. P., & Cavalcante, D. S. (2012). Análise do grau de cumprimento as práticas de divulgação definidas pelo pronunciamento técnico CPC 13 no âmbito das companhias abertas. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 6(1), 38-53. Recuperado de http://www.repec.org.br/index.php/ repec/article/view/244.

Rajan, R. & Zingales, L. (1995). What do we know about capital structure? Some evidence from international data. Journal of Finance, 50(5), 1421-1460. Recuperado de http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-6261.1995.tb05184.x/full. doi: 10.1111/j.1540-6261.1995.tb05184.x.

Reis, L. G. & Nogueira, D. R. (2012). Disclosure do ativo imobilizado: Análise das práticas pelas empresas do novo mercado considerando o CPC 27. Revista de Estudos Contábeis, 3(4), 54-67. Recuperado de http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/rec/article/view/10149.

Reis, A. O, Anjos, D. A, Sediyama, G. A. S., & Lélis, D. L. M. (2013). Disclosure da recuperabilidade do valor do ativo imobilizado: Análise no setor siderúrgico brasileiro. Revista Ambiente Contábil, 5(2), 37-52. Recuperado de http://www.ojs.ccsa.ufrn.br/index.php/contabil/article/view/391/377.

Rodrigues, A., Paulo, E., & Carvalho, L. N. (2007). Gerenciamento de resultados por meio das transações entre companhias brasileiras interligadas. Revista de Administração, 42(2), 216-226. Recuperado de http://www.rausp.usp.br/download.asp?file=V4202216.pdf.

Rover, S., Tomazzia, E. C., Murcia, F. D., & Borba, J. A. (2012). Explicações para a divulgação voluntária ambiental no Brasil utilizando a análise de regressão em painel. Revista de Administração, 47(2), 217-230. Recuperado de http://www.rausp.usp.br/download.asp? file=v47n2p217.pdf. doi: 10.5700/rausp1035.

Schroeder, R. G., Clark, M. W., & Cathey, J. M. (2001). Financial accounting: theory and analysis. (7th ed). New York: Wiley

Scott, F. & Martin, J. (1975). Industry influence on financial structure. Financial Management, 4(1), 67-73. Recuperado de http://www.jstor.org/stable/3665473.

Souza, M. M., Borba, J. A., & Zandonai, F. (2011). Evidenciação da perda no valor recuperável de ativos nas demonstrações contábeis: uma verificação nas empresas de capital aberto brasileiras. Contabilidade Vista & Revista, 22(1), 67-91. Recuperado de http://web.face.ufmg.br/face/revista/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/588/pdf104.

Souza, M. M., Borba, J. A., Wuerges, A. F. E., & Lunkes, R. J. (2011, julho). Perda no valor recuperável de ativos: fatores explicativos do nível de evidenciação das empresas de capital aberto brasileiras. Anais do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil, 11.

Titman, S. & Wessel R. (1988). The determinants of capital structure choice. Journal of Finance, 43 (1), 1-19. Recuperado de http://www.jstor.org/stable/2328319. doi: 10.2307/2328319

Verrecchia, R.E. (2001) Essays on disclosure. Journal of Accounting and Economics, 32 (1-3), 97-180. Recuperado de http://www.sciencedirect.com/ science/article/pii/S0165410 101000258. Doi: 10.1016/S0165-4101(01)00025-8

Wallace, O. & Naser, K. (1995). Firm specific determinants of the comprehensiveness of mandatory disclosure in the corporate annual reports of firms listed on the stock exchange of Hong Kong. Journal of Accounting and Public Policy, 14(4), 311-368. Recuperado de http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0278425495000429. doi: 10.1016/0278-4254(95)00042-9.

Watts, R. L. & Zimmerman, J. L. (1986). Positive accounting theory. New Jersey: Prentice-Hall.

Wooldridge, J. M. (2013). Introdução à econometria: uma abordagem moderna. (J. A. Ferreira Trad.) São Paulo: Cengage Learning (obra original publicada em 2009).


Texto completo: PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Bookmark and Share


Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

_______________

Revista de Finanças Aplicadas

ISSN: 2176-8854

Contador Estatístico

Indexadores e diretórios

DOI Logotipo Gale Cengage Learning DOAJ

Adicionais
Gale Cengage Learning
Latindex - Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal
Livre - Revistas de Livre Acesso
Sumários - Sumários de Revistas Brasileiras
PKP - Public Knowledge Project