Indústria de construção naval: percepção de risco nas operações de financiamento no Brasil

Resumo

Esse artigo avalia as condições empresariais de captação e a percepção de riscos das operações de financiamento de projetos de construção naval no Brasil. Ao fazer isso, discute o problema do financiamento setorial por meio da (i) análise estatística de indicadores econômico-financeiros (IEF) obtidos a partir de Demonstrações Financeiras de amostras não intencionais de empresas de transporte e apoio marítimo (nacionais e estrangeiras) e da (ii) percepção de diferentes atores ligados ao setor (armadores, estaleiros, agentes financeiros, membros de entidades classistas, etc.). Os procedimentos metodológicos adotados se baseiam, respectivamente, em testes estatísticos de diferença de médias de IEF e em entrevistas feitas com atores das diversas contrapartes envolvidas nas operações. Por meio do confronto entre essas procedimentos, os resultados apontam que não há diferenças pronunciadas na estrutura financeira entre amostras não intencionais de empresas nacionais e estrangeiras e que há fortes divergências nas opiniões expressas em torno dos riscos associados ao financiamento. Isso sugere que a base de negociação é precária conduzindo, frequentemente, a impasses na transferência de ativos para o financiamento à construção naval remetendo a questão das garantias de crédito.